Sampaio:
Sim, a decisão foi política mas se bem entendo o presidente que temos não foi exclusivamente conjuntural. Não foram as pessoas, os líderes em questão que a determinaram. A palavra de honra, o compromisso, a responsabilização do sistema de democracia representativa e das consequentes legislaturas deverão ter sido os valores finais em que Sampaio apostou. Apostou. O futuro nos dirá se os tomadores desse legado são merecedores de tal aposta. Modestamente, já aqui deixei perceber que poucos políticos me mereceriam menos esse benefício da dúvida que Pedro Santana Lopes e Paulo Portas, mas não sou Presidente de República nenhuma.
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Sampaio não traiu ninguém. Não fez nenhum ataque pessoal a ninguém.
Nesta história entre traidores e traídos restam-nos José Manuel Durão Barroso na qualidade dos primeiros e o eleitorado português do PSD na qualidade dos segundos.
Sampaio julga-se perante a sua consciência como o presidente de todos os portugueses, interpretando esse compromisso de uma forma bastante mais literal que Mário Soares, por exemplo.
Querem-se líderes capazes do magistério quando as funções o exigem e outros capazes de acatar respeitosamente as decisões legítimas de órgãos de soberania.
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Em caso de dúvida num fora-de-jogo beneficia-se o "meu partido” acreditavam os líderes socialistas. Daqui os maus fígados, as promessas de ódio eterno, a quebra de amizades de décadas, as piadolas de Ana Gomes chamando-lhe um presidente de direita. É muito triste ver esta injustiça ser verbalizada - ainda que a quente - por membros do secretariado do PS, secretário-geral incluído.
Atila, "um ateu optimista" - porque não acredita em deus, mas espera estar errado -, quer fazer uma página de ideias e debates rápidos, ricos em colesterol e gorduras saturadas; pois a unanimidade só se obtêm na base do medo, do interesse, ou da alienação activa de quem discorda.
Participação especial de 100nada e Adamastor (a pessoa mais furiosa de Lisboa).