Atlas
Caminhava como um Atlas a carregar um mundo invisível, arrastava-se pelo passeio de um modo quase que operático. A multidão regra geral ignorava-o, com o ocasional transeunte momentaneamente surpreendido com a sua corcunda. Homem de meia-idade, barba mal feita, mas aparentemente feliz. Perguntei-lhe porque sorria com aquela corcunda. Disse-me que carregava os problemas do mundo, e que graças a esta artimanha, se tinha visto livre de uma existência miserável.
– Sabe caro amigo, os problemas dos outros são mais fáceis de suportar.
– E a sua corcunda?
– Olhe que o mundo tem mesmo muitos problemas.
Não pude deixar de dar uma gargalhada e não resisti uma provocação.
- O seu espírito messiânico e’ de louvar.
- Engana-se! Engana-se! Nunca deixe de desconfiar sobre quais são as verdadeiras intenções de um optimista megalomaníaco.
Atila