Resistentes de um Portugal pré-europeísta, os vendedores de castanhas são um dos últimos símbolos de um pais pré-comunidade europeia, pré-telefones celulares, pré-centro comercial Colombo. Um pais onde PCP ainda tinha uma real expressão, o PS ainda levantava o punho com a arrogância de estar certo, o PPD ainda falava em nome dos trabalhadores. Um pais onde só existiam dois canais públicos de televisão, sem Big Show SIC ou sem Big Brother, mas com o Zé Gato ou o Duarte e companhia. Um pais materialmente mais pobre, a tocar o terceiro-mundista, mas onde o bigode de Artur Jorge ainda era visto como um símbolo de moda, sapiência e cultura.