noventa por cento de água
Oiço a chuva a cair como se chovesse aqui dentro. Seja Agosto ou Janeiro, as portas da varanda estão sempre abertas. A noite entra para dentro de casa, a chuva cai agora muito devagar, depois pára. Só se ouvem os pingos que restam nas árvores, um aqui, outro ali...uma porta a bater, uns passos molhados, um cão a ladrar. As sirenes de alarme que disparam sempre que chove mais também se calaram.
É um barco, este em que navego, feito de água. Um bote de mar, talvez um mastro sem velas. Deitei fora os remos, não me apetecia mais.
Recomeçou a chover.
100nada