Filhos de Viriato
sábado, julho 12, 2003
  Quando o Attila regressar, despede-me de certeza...mas uma certa tendência para a introspecção e o disparate, em doses iguais, não são adequados ao Filhos de Viriato.

Poder-se-ia talvez aproveitar pequenos momentos de irritada alegria, como aquele que me fez dizer a uma pobre rapariga (que passava o código de barras pelo leitor e no final me informou, para além do BI, preciso da sua morada, para o verso do cheque) a morada? Não dou.

Foi um momento de paragem. Parou aquela fita magnética que tem sempre as mesmas coisas escritas para dizer aos clientes (verde código verde, por exemplo), parou até o cérebro talvez, enquanto este se reajustava a uma falha na dita fita. Uma coisa é certa: o que parou mesmo foi a fila de pessoas, cheias de pressa para pagarem os seus iogurtes antes que passassem de validade, enquanto a pobre desgraçada balbuciava são as normas. Informei-a que as normas do estabelecimento, quando são opostas àquilo que vem na lei, não valem nada. Que um cheque, à luz da legislação vigente, é um meio de pagamento que vale tanto como hard cash (embora tenha utilizado a palavra 'dinheiro' pois não me pareceu que fosse dada a línguas e poderia até pensar que a estava a insultar). Que não dava a morada porque estava farta de ter a caixa do correio cheia de lixo, entregue por criaturas que se divertem a arrancar o autocolante 'Publicidade aqui não, obrigado'.

Pedi desculpa à cada vez mais impaciente fila, mas os direitos dos cidadãos falavam ali mais alto (e eu também). Nesse momento, um prestável senhor informou-me que até na empresa dele, as normas eram de só dar a mercadoria cujo pagamento fosse efectuado por cheque após boa cobrança do mesmo (espero que não fossem iogurtes dado o prazo de dias úteis para a compensação). Só o perdoei por me ter chamado 'menina'. Uma senhora é sensível a estas coisas. A fila concordou com o senhor. E eu mantive-me, como se costuma dizer, na minha, e na deles (fila), a gaja-que-tem-a-mania-que-sabe-mais-cós-outros. Finalmente, ao fim de alguns telefonemas, a rapariga informou-me que por esta vez e dado que não atingia o montante limite que as normas do estabelecimento (como se vê, bastante dinâmicas) impunham, podia aceitar o cheque. Tentei ainda explicar mais uma vez que as normas do estabelecimento não valiam nada...mas é um esforço inglório e inútil. Resmunguei depois queixem-se que nada funciona neste país e a empregada vingou-se e não me deu o talão das compras.

Da próxima vez dou uma morada falsa.

100nada 
Atila, "um ateu optimista" - porque não acredita em deus, mas espera estar errado -, quer fazer uma página de ideias e debates rápidos, ricos em colesterol e gorduras saturadas; pois a unanimidade só se obtêm na base do medo, do interesse, ou da alienação activa de quem discorda. Participação especial de 100nada e Adamastor (a pessoa mais furiosa de Lisboa).

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