Crónicas de terra
Gosto de aeroportos. O primeiro que vi não era como é hoje, todo de tubos e vidros; há qualquer coisa estranha nesta mania de fazer aeroportos transparentes...e depois não se consegue ver avião nenhum. Deve ser uma ideia moderna, mostrar o que não interessa para esconder o essencial.
Mas antigamente, quando este aeroporto era uma caixa de betão, tinha em cima um enorme terraço, onde se podia dizer a uma criança,
estás a ver? estão ali os aviões.
Depois vais andar num...e lá fui eu, uma noite, andar num daqueles aviões. Cheguei no dia seguinte a um aeroporto que quase não existia. Era só uma gare com gente à espera, num dia de calor.
É aquilo que me lembro melhor. O calor. Quase não me lembro do aeroporto ou do avião. Mas talvez, talvez por me ter apaixonado pelo calor e pela terra do calor, me tenha apaixonado pelos aviões que me levavam lá. Por aeroportos, por partidas e chegadas, primeiro a esse sítio, depois a outros lados. Aeroportos...para mim são outra coisa: são aero-portas.
100nada