Verão Quente
Esta conversa sobre os murais do PCTP/MRPP fez-me pensar no pouco que sei acerca deste período da história recente de Portugal. Refiro-me obviamente ao PREC, ao verão quente de 1975. Nascido em 1971, era demasiado novo para poder compreender o que se passava, mas já tinha idade suficiente para perceber que algo de anormal e extraordinário estava acontecer. Talvez uma das poucas memorias que tenho foi o modo como a rotina das aulas da minha pré-primária foi alterada. Lembro-me vagamente de ir para o recreio protestar a falta de material didáctico. Seguia-mos a nossa professora até ao gabinete da direcção, sempre de punho no ar, convictamente a protestar as condições indignas da escola. Eu adorava aquela confusão, era uma festa. Efectivamente acho que os meus cinco anos correspondem ao auge da minha rebeldia revolucionária. Para além destas memórias vagas, o pouco que sei são histórias contadas pelo meu Pai. Membro do PPD, coordenou algumas comissões de trabalhadores, e conta-me histórias absolutamente fascinantes acerca deste período. Uma das minha favoritas e’ o modo como colocavam, sempre que iam ‘a Lisnave, a imagem de Lenine ao peito para “amaciar” os Comunistas.
Attila